Jesus e a Natureza de Deus
De acordo com a História, um dos tópicos mais controvertidos entre os que afirmam seguir a Bíblia tem sido a natureza de Jesus e sua relação com o Pai. Nos primeiros cinco séculos após a encarnação de Cristo, os cristãos passaram pelas chamadas "controvérsias cristológicas": vários grupos defendiam visões completamente diferentes com respeito à natureza de Jesus Cristo e do ser divino. Isso talvez não nos cause nenhum espanto. Satanás desejaria mais do que nunca introduzir entre os discípulos erros no que se refere à natureza de Deus, sendo esses erros básicos e extremamente prejudiciais. Além disso, qualquer ser humano que tente compreender a natureza de Deus está lidando com um assunto muito mais profundo que ele mesmo. É natural tentar reduzir Deus às condições humanas e começar a analisá-lo de acordo com as limitações humanas. Mesmo hoje, há acirradas controvérsias entre os supostos seguidores do Senhor Jesus no que diz respeito à natureza e ao conceito da divindade.
Jesus é Deus
Vários grupos negam a absoluta divindade de Cristo. As testemunhas de Jeová, por exemplo, negam que Jesus seja Deus com D maiúsculo. Segundo eles, ele é um deus, um arcanjo muito elevado, mas não é igual a Deus Pai. Os teólogos modernos muitas vezes ensinam que Jesus era um grande homem, um mestre maravilhoso e um grande profeta, mas não Deus na verdade. A Bíblia ensina que Jesus é Deus. Há vários itens "porém" que devem ser ligados a essa afirmação. Quando Jesus se fez carne, passou a ser humano. Participou da nossa natureza; submeteu-se à experiência humana. Assim, experimentou a fome, a sede, o cansaço.
Nas palavras de Paulo: "pois ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus; antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana, a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz" (Filipenses 2:6-8).
É importante entendermos que, quando Jesus se fez homem, não deixou de ser Deus. Ele era Deus vivendo como homem. Mas restringiu-se a forma e a limitações muito diferentes da natureza de sua existência eterna. Ao afirmar que Jesus é Deus, então, não estamos tentando negar a realidade de Jesus se ter tornado verdadeiro ser humano. Afirmar que Jesus é Deus não é afirmar que ele é o Pai. Seria válido admitir já de início neste estudo que se acha revelada nas Escrituras uma nítida diferença entre o papel do Pai e o do Filho. Uma delas é que foi o Filho que se fez carne, não o Pai. Mas, o que é mais fundamental, o Pai parece ser revelado na Palavra como o planejador e diretor, e o Filho, como o concretizado. O Filho submeteu-se à vontade do Pai. Nesse sentido, Jesus afirmou: "O Pai é maior do que eu" (João 14:28). Entendemos que, de acordo com as Escrituras, o marido deve ser a cabeça da esposa, e ela deve submeter-se ao marido. Mas isso não significa que o marido seja superior em essência; simplesmente tem um papel de autoridade. Tanto marido quanto mulher são plena e igualmente humanos. Da mesma forma, a liderança do Pai e a submissão do Filho não implicam diferença de natureza. Ambos são plena e igualmente divinos.
O Testemunho das Escrituras
A Bíblia deixa bem claro que Jesus é Deus. "Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu; o governo está sobre os seus ombros; e o seu nome será: Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz" (Isaías 9:6). O menino que haveria de nascer se chamaria "Deus Forte”. Em João 1:1: "No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus"; "Respondeu-lhe Tomé: Senhor meu e Deus meu!" (João 20:28). Tomé dirigiu-se a Jesus dizendo: "Senhor meu e Deus meu". Tomé estava errado? Jesus não achou que estivesse, pois disse: "Porque me viste, creste? Bem-aventurados são os que não viram e creram" (João 20:29).
Essa passagem é uma comprovação tão forte da
divindade de Cristo, que já se inventaram inúmeras explicações para
recusá-la. Por exemplo, Tomé estava apenas manifestando o seu espanto,
como alguém hoje, que talvez dissesse: "Ó, meu Deus do céu". Mas isso
implicaria dizer que Tomé estava usando o nome de Deus em vão. No
entanto, Jesus o elogiou por isso. Outros acreditam que Tomé estava
chamando Jesus seu Senhor e depois voltando-se ao Pai, dizendo "Deus
meu". Mas o texto diz: "Respondeu-lhe Tomé". Tomé estava reconhecendo
que Jesus era seu Deus.
Examine estes textos: "Deles são os
patriarcas, e também deles descende o Cristo, segundo a carne, o qual é
sobre todos, Deus bendito para todo o sempre" (Romanos 9:5). "Aguardando
a bendita esperança e a manifestão da glória do nosso grande Deus e
Salvador Cristo Jesus" (Tito 2:13). "Simão Pedro, servo e apóstolo de
Jesus Cristo, aos que conosco obtiveram fé igualmente preciosa na
justiça do nosso Deus e Salvador Jesus Cristo" (2 Pedro 1:1). Todos se
referem a Jesus como Deus.
Jesus afirmou ser Deus em várias
ocasiões. Em João 5:17, ele disse: "Mas ele lhes disse: Meu Pai trabalha
até agora, e eu trabalho também". Os judeus entenderam devidamente a
afirmação de Jesus como uma indicação de que ele era igual a Deus (João
5:18). Em João 10:30, Jesus declarou: "Eu e o Pai somos um". Jesus fez a
ousada declaração em João 14 de que vê-lo significava ver o Pai: "Se
vós me tivésseis conhecido, conheceríeis também a meu Pai. Desde agora o
conheceis e o tendes visto. Replicou-lhe Filipe: Senhor mostra-nos o
Pai, e isso nos basta. Disse-lhe Jesus: Filipe, há tanto tempo estou
convosco, e não me tens conhecido? Quem me vê a mim vê o Pai; como dizes
tu: Mostra-nos o Pai?" (João 14:7-9). (Veja também as afirmações de
Jesus em João 8:56-59, as quais serão discutidas numa seção posterior
deste artigo.
Jesus aceitava ser adorado
Somente Deus deve ser adorado. Adorar a criatura é idolatria e é
terminantemente proibido nas Escrituras (veja Romanos 1:25). O próprio
Jesus afirmou: "Então, Jesus lhe ordenou: Retira-te, Satanás, porque
está escrito: Ao Senhor, teu Deus, adorarás, e só a ele darás culto"
(Mateus 4:10) ao citar Deuteronômio 6:13 em resposta à tentação de
Satanás. Em nenhum lugar das Escrituras um homem justo aceitou ser
adorado. Pedro recusou-se a permitir que Cornélio se curvasse diante
dele (Atos 10:25-26). Paulo e Barnabé ficaram abismados quando o povo de
Listra se preparou para adorá-los como deuses. Tomaram imediatamente
uma atitude: "Porém, ouvindo isto, os apóstolos Barnabé e Paulo,
rasgando as suas vestes, saltaram para o meio da multidão, clamando:
Senhores, por que fazeis isto? Nós também somos homens como vós,
sujeitos aos mesmos sentimentos, e vos anunciamos o evangelho para que
destas cousas vãs vos convertais ao Deus vivo, que fez o céu, a terra o
mar e tudo o que há neles" (Atos 14:14-15). Os anjos são seres celestes
superiores aos homens, mas nem mesmo eles aceitam ser adorados
(Apocalipse 19:10; 22:8-9).
É bem notável, então, que Jesus
tenha aceitado a adoração do homem. Quando Jesus acalmou a tempestade,
"os que estavam no barco o adoraram, dizendo: Verdadeiramente és Filho
de Deus!" (Mateus 14:33). Jesus não os repreendeu por louvá-lo. O cego
que Jesus curou em João 9 o adorou (João 9:38). Várias vezes os
discípulos adoraram a Jesus após a ressurreição, e Jesus jamais deu a
entender que aquilo não era certo (Mateus 28:9,17). Jesus na realidade
ensinou de modo claro: "Que todos honrem o Filho do modo por que honram o
Pai. Quem não honra o Filho não honra o Pai que o enviou" (João 5:23).
Nenhum homem justo e nenhum anjo do céu (nem o mais exaltado) jamais
pediu que os homens os honrassem da mesma forma que honram ao Pai. Se
Jesus não fosse Deus, então João 5:23 seria uma das blasfêmias mais
audaciosas que jamais foram proferidas por lábios humanos.
Os
cristãos primitivos adoravam a Jesus: "O Senhor me livrará também de
toda obra maligna e me levará salvo para o seu reino celestial. A ele,
glória pelos séculos dos séculos. Amém" (2 Timóteo 4:18). "Antes,
crescei na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus
Cristo. A ele seja a glória, tanto agora como no dia eterno" (2 Pedro
3:18). Repare na surpreendente semelhança da adoração oferecida ao Pai
com a oferecida ao Filho. Falando do Pai, Pedro disse: "A ele seja o
domínio, pelos séculos dos séculos. Amém." (1 Pedro 5:11). Mas, em
referência ao Filho, João escreveu: "A ele a glória e o dóminio pelos
séculos dos séculos. Amém" (Apocalipse 1:6). Deus ordenou que mesmo os
anjos devem adorar ao Pai: "E, novamente, ao introduzir o Primogênito no
mundo, diz: E todos os anjos de Deus o adorem" (Hebreus 1:6).
Todas
as hostes celestes adoram a Jesus do mesmo modo que adoram o Pai. Os
quatro seres viventes e os 24 anciãos "E entoavam novo cântico, dizendo:
Digno és de tomar o livro e de abrir-lhe os selos, porque foste morto e
com o teu sangue compraste para Deus os que procedem de toda tribo,
língua, povo e nação e para o nosso Deus os constituíste reino e
sacerdotes; e reinarão sobre a terra" (Apocalipse 5:9-10). O texto
prossegue: "Vi e ouvi uma voz de muitos anjos ao redor do trono, dos
seres viventes e dos anciãos, cujo número era de milhões de milhões e
milhares de milhares, proclamando em grande voz: Digno é o Cordeiro que
foi morto de receber o poder, e riqueza, e sabedoria, e força, e honra, e
glória, e louvor. Então, ouvi que toda criatura que há no céu e sobre a
terra, debaixo da terra e sobre o mar, e tudo o que neles há, estava
dizendo: Àquele que está sentado no trono e ao Cordeiro, seja o louvor, e
a honra, e a glória e o domínio pelos séculos dos séculos. E os quatro
seres viventes respondiam: Amém; também os anciãos prostararam-se e
adoraram" (Apocalipse 5:11-14).
Essas declarações de adoração a
Jesus Cristo constituem a mais forte prova de sua divindade. As
Escrituras declaram, sem hesitar, que somente Deus deve ser adorado, mas
Jesus é adorado no céu pelas mais elevadas criaturas celestes. Jesus é
até ligado ao Pai na mesma declaração de louvor. Paulo escreveu a
verdade: "Pelo que também Deus o exaltou sobremaneira e lhe deu o nome
que está acima de todo nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo
joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse
que Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai" (Filipenses 2:9-11).
Afirmações indiretas
Há muitas coisas que Jesus fez que somente Deus é capaz de fazer. Jesus
perdoou os pecados dos homens, mas somente Deus pode perdoar pecados
(veja Marcos 2:1-12; Lucas 7:36-50). Ele afirmou ser capaz de dar vida
(João 5:21; 10:28; 17;2) e de julgar o mundo (Mateus 7:23; 16:27;
25:31-46; João 5:22-27), habilidades que pertencem exclusivamente a
Deus. Jesus criou o mundo (João 1:1-3, 10) e o sustém (Colossenses
1:17). Jesus fez afirmações que implicavam a sua onipresença (Mateus
18:20; 28:20) e onisciência (Marcos 12:25;Mateus 9:4; 12:25; veja também
Apocalipse 2:23; 1 Reis 8:39). Ele afirmou ser maior que o templo,
maior que Jonas e maior que Salomão (Mateus 12:6, 41-42). Ele afirmou
não ter pecado (João 8:46). Tudo isso o põe sem dúvida na categoria de
Deus.
Jesus ensinou que vê-lo era ver o Pai (João 12:45; 14:9),
que crer nele era crer no Pai (João 12:44) e que conhecê-lo era
conhecer o Pai (João 8:19; 14:7). Ele disse que quem o recebe, recebe o
Pai (Marcos 9:37); que quem o honra, honra o Pai (João 5:23); mas quem o
rejeita e o odeia, rejeita e odeia o Pai (Lucas 10:16; João 15:23).
Qual mero homem, qual arcanjo poderia fazer afirmações como essas?
O que Jesus disse refletia a noção da sua própria importância. Ele
disse que era a luz do mundo, o pão da vida, a ressurreição e a vida e o
único caminho para o Pai (João 6;35; 8:12; 11:25; 14:6). Ele disse que
as coisas que estavam escritas no Antigo Testamento foram escritas a seu
respeito (Lucas 24:27, 44; João 5:39, 46). Ele disse que, quando o
Espírito Santo viesse, ele o glorificaria (João 14:26; 15:26; 16:14).
Jesus mostrou que era imprescindível ir a ele, ouvi-lo, crer nele,
confessá-lo e segui-lo (Mateus 11:28-30; João 6:45; 18:37; 8:24; 11:25;
Mateus 10:32-33; João 8:12; 10:27). Ele nos ensinou a perder a vida por
amor a ele (Lucas 9:24) e amá-lo mais que ao pai, à mãe, à esposa, aos
filhos e à própria vida (Mateus 10:37; Lucas 14:26). Fazendo uso de uma
metáfora ousada, Jesus disse que devemos comer a sua carne e beber o seu
sangue para que possamos ter vida (João 6:51-58). O Senhor deixou a
ceia em memória dele, para que nunca viéssemos esquecê-lo (Lucas 22:19).
Ele ensinou que a sua vidaseria entregue em resgate por muitos (Mateus
20:28; 26:28; João 10:15; 12:32).
Ou Jesus era um egoista
arrogante, ou era Deus. Diante de suas afirmações ousadas, não há
meio-termo. "Respondeu-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a
vida; ninguém vem ao Pai senão por mim" (João 14:6). "Jesus,
aproximando-se, falou-lhes, dizendo: Toda a autoridade me foi dada no
céu e na terra" (Mateus 28:18).
Jesus é o Deus revelado no Antigo Testamento
Há duas palavras traduzidas por "Senhor" no Antigo Testamento. Uma
delas significa simplesmente senhor, mestre, amo. A outra é geralmente
escrita em letras maiúscula e significa "Eu Sou", ou seja, aquele que
existe por si mesmo, o eterno. Esse "SENHOR" tem origem numa palavra
hebraica de quatro letras: "YHWH". Mas os judeus não pronunciavam a
palavra; eles simplesmente diziam "SENHOR" sempre que a encontravam na
leitura da Bíblia. Eles criam que "YHWH" fosse santo demais para ser
proferido por seres humanos. Assim, a maioria das traduções da Bíblia
simplesmente traduz "YHWH" por SENHOR. Poucas traduzem por "Jeová". Essa
palavra é importante no entendimento da natureza de Cristo, porque é
uma palavra que só se aplica a Deus. Uma palavra como senhor, que é tão
comum, poderia ser usada em respeito a um superior. Mas a palavra "YHWH"
(SENHOR, ou Jeová, Eu Sou) só poderia ser empregada corretamente em
referência ao único e verdadeiro Deus.
Jesus disse que ele é
YHWH, Eu Sou: "Respondeu-lhes Jesus: Em verdade, em verdade eu vos digo:
antes que Abraão existisse EU SOU." (João 8:58).2 Era uma declaração
chocante, e os judeus pegaram pedras ali mesmo para apedrejar Jesus por
blasfêmia (João 8:59). Muitos textos aplicam profecias sobre Jeová (o
"SENHOR") a Jesus. João Batista ia preparar o caminho para o "SENHOR"
(Isaías 40:3; veja Mateus 3:3; Marcos 1;3; Lucas 3:4-5). A glória do
"SENHOR", vista por Isaías, era uma visão da glória de Jesus (Isaías 6;
João 12:37-43). Não são casos isolados. Várias afirmações sobre o SENHOR
no Antigo Testamento são aplicadas a Jesus no Novo.3 Jesus também é
Deus Jeová, o SENHOR.
Jesus não é o Pai
Algumas pessoas tomam as evidências apresentadas acima e ensinam que
Jesus é a mesma pessoa que o Pai. Elas acreditam que o Pai e o Filho não
passam de manifestações diferentes da mesma pessoa. Eles fazem uso da
seguinte ilustração: um homem pode ser ao mesmo tempo pai e filho. Isso é
verdade. Eu sou tanto pai, como filho. Mas eu não sou o meu próprio
pai, nem sou o meu filho. A Bíblia revela três pessoas diferentes que
compõem o único Deus.
Há inúmeros textos que mostram a
diferença entre a pessoa do Pai e a do Filho. "Todo aquele que
ultrapassa a doutrina de Cristo e nela não permanece não tem Deus; o que
permanece na doutrina, esse tem tanto o Pai como o Filho" (2 João 9).
"Tanto o Pai como o Filho" leva a entender a existência de dois seres.
Jesus afirmou ter duas testemunhas: ele mesmo e o Pai. "Se eu julgo, o
meu juizo é verdadeiro, porque não sou eu só, porém eu e aquele que me
enviou. Também na vossa lei está escrito que o testemunho de duas
pessoas é verdadeiro. Eu testifico de mim mesmo, e o Pai, que me enviou,
também testifica de mim." (João 8:16-18). Se Jesus fosse a mesma pessoa
que o Pai, haveria uma só testemunha, mas Jesus disse claramente que
havia duas. (Veja também 1 João 2:22; 1 Coríntios 8:16).
"Replicou-lhes Jesus: Se Deus fosse, de fato, vosso pai, certamente, me
havíeis de amar; porque eu vim de Deus e aqui estou; pois não vim de mim
mesmo, mas ele me enviou" (João 8:42). O Pai enviou o Filho. O Filho
não se enviou. Portanto, o Pai não é o Filho.
Jesus muitas
vezes orou ao Pai (Lucas 23:34, 46). Estava Jesus orando a si mesmo? Ele
ensinou os discípulos a orar: "Portanto, vós orareis assim: Pai nosso,
que estás nos céus, santificado seja o teu nome" (Mateus 6:9), estando
ele próprio na terra. "E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro
Consolador, a fim de que esteja para sempre convosco" (João 14:16). Se o
Pai, o Filho e o Espírito Santo são todos uma só pessoa, então Jesus
orou a si mesmo e pediu que enviasse a si mesmo.
O Pai
reconhecia o Filho: "E eis uma voz dos céus,que dizia: Este é o meu
Filho amado, em quem me comprazo" (Mateus 3:17). Será que o Pai estava
simplesmente falando para si a respeito de si mesmo? Jesus disse que, se
ele glorificasse a si mesmo, a sua glória não seria nada (João 8:54).
"Porque eu desci do céu, não para fazer a minha própria vontade, e sim a
vontade daquele que me enviou" (João 6:38). Jesus veio fazer a própria
vontade, ou não? Se respondermos que sim, contrariamos Jesus. Se dizemos
que não (a resposta correta), então admitimos que Jesus e o Pai são
pessoas distintas, porque Jesus de fato veio fazer a vontade do Pai.
(Veja também João 8:29).
O Filho retornou ao Pai no céu (João
16:28; 20:17). Se Jesus é o Pai, ele já estava no céu antes de subir
para junto de si mesmo. Jesus retornou ao céu para entrar na presença de
Deus (Hebreus 9:24). Mas ele já estava na sua própria presença. Se o
Filho e o Pai são a mesma pessoa, por que Jesus tinha de ir para o céu
para entrar na presença dele próprio?
Vários textos mostram que
Jesus está assentado à direita de Deus (Colossenses 3:1). Seria uma
grande façanha alguém sentar à direita de si mesmo!
Jesus disse
que somente o Pai sabia o momento exato de sua vinda; isso nem mesmo
ele sabia (Mateus 24:36). Se Jesus era o Pai, então ele sabia algumas
coisas que não sabia?
Quando Jesus retornar, ele entregará o
seu reino de volta ao Pai e se sujeitará ao Pai (1 Coríntios 15:24-28).
Será que Jesus entregará o reino a si mesmo e se submeterá a si mesmo?
As Escrituras ensinam com uma clareza inconfundível a distinção entre o Pai e o Filho.
A natureza da divindade
Deus é uno (Deuteronômio 6:4; Isaías 40-48; Marcos 12:29; 1 Timóteo
1:17; Tiago 2:19; 4:12, etc.). A natureza de sua unidade é o assunto em
pauta. Com base mesmo no que se evidenciou acima, deve estar claro que a
unidade de Deus é uma união, não uma unidade absoluta.
A palavra
equivalente a Deus no Antigo Testamento (elohim) é uma formação no
plural. A palavra equivalente a um, empregada em referência a Deus no
Antigo Testamento (echad) também é uma forma plural. Deus disse:
"Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança . . ."
(Gênesis 1:26). A quem se refere esse "nossa"? Somos criados à imagem de
Deus, mas há mais de uma pessoa que compôs Deus. Atente para essas
afirmações: "Então, disse o SENHOR Deus: Eis que o homem se tornou como
um de nós, conhecedor do bem e do mal; assim, que não estenda a mão, e
tome também da árvore da vida, e coma, e viva eternamente" (Gênesis
3:22). "Vinde, desçamos e confundamos ali a sua linguagem, para que um
não entenda a linguagem de outro" (Gênesis 11:7). Desde os primeiros
capítulos da Bíblia, vemos Deus revelado como uma unidade plural (veja
também Isaías 6:8). Existe até mesmo diálogos registrados entre Deus e
Deus na Bíblia: veja Salmos 110:1, por exemplo.
Em que sentido o
Pai e o Filho são um? São uma só pessoa? Ou são um em unidade e em
propósito? Observe atentamente João 17:20-23: "Não rogo somente por
estes, mas também por aqueles que vierem a crer em mim, por intermédio
da sua palavra; a fim de que todos sejam um; e como és tu, ó Pai, em mim
e eu em ti, também sejam eles em nós; para que o mundo creia que tu me
enviaste. Eu lhes tenho transmitido a glória que me tens dado, para que
sejam um, como nós o somos; eu neles, e tu em mim, a fim de que sejam
aperfeiçoados na unidade, para que o mundo conheça que tu me enviaste e
os amaste, como também amaste a mim." Esse texto ensina que os cristãos
devem ser um como o Pai e o Filho são um. Os cristãos devem passar a ser
uma só pessoa? Ou será que devem ser um em unidade e em propósito? Já
que a unidade que os cristãos devem ter não é a de ser uma só pessoa,
então a unidade do Pai e do Filho não significa que são a mesma pessoa. A
Bíblia muitas vezes trata de coisas que são unas. Marido e mulher são
um (Mateus 19:4-6; Efesios 5:31). O que planta e o que rega são um (1
Coríntios 3:6-8). Os cristãos são um (1 Coríntios 12:14). E também o Pai
e o Filho (e o Espírito Santo) são um.
Embora nos tenhamos
concentrado principalmente no Pai e no Filho, as Escrituras mostram que o
Espírito Santo também é uma pessoa divina. O Espírito Santo é revelado
como um ser pessoal. Ele faz o que somente uma pessoa pode fazer: fala
(1 Timóteo 4:1); ensina(João 14:26); reprova (João 16:8); orienta
(Gálatas 5:18); intercede (Romanos 8:26); chama (Atos 13:2); pensa
(Romanos 8:27; 1 Coríntios 2:10-11); toma decisões (Atos 13:12; 15:28).
Os sentimentos que tem só uma pessoa pode ter: é alvo de mentiras (Atos
5:3); é resistido (Atos 7:51); é desprezado (Hebreus 10:29); fica
entristecido (Efésios 4:30); fica irado (Isaías 63:10); é blasfemado
(Mateus 12:31). O Espírito Santo tem características divinas: é
onisciente (1 Coríntios 2:10-11) e onipresente (Salmo 139:7-10).
O Novo Testamento une Pai, Filho e Espírito Santo de modo
impressionante. Muitos textos mencionam os três: "A graça do Senhor
Jesus Cristo, e o amor de Deus, e a comunhão do Espírito Santo sejam com
todos vós" (2 Coríntios 13:13). "Ide, portanto, fazei discípulos de
todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito
Santo" (Mateus 28:19). "Eleitos, segundo a presciência de Deus Pai, em
santificação do Espírito, para a obediência e a aspersão do sangue de
Jesus Cristo, graça e paz vos sejam multiplicadas." (1 Pedro 1:2; veja
também Romanos 15:30; 1 Coríntios 12:4-6; 6:11; 2 Corìntios 1:20-21;
Gálatas 4:6; Efésios 2:18; 3:14-17; 5:18-20; 1 Tessalonicenses 5:18-19; 2
Tessalonicenses 2:13; Tito 3:4-6; 1 João 4:13-14; Judas 20-21;
Apocalipse 1:4-5). Embora a Bíblia em momento algum apresente uma
definição teológica de Deus, é possível entender alguns aspectos de seu
ser estudando a revelação dada nas Escrituras. O que podemos concluir é:
Deus é o nome dado à natureza divina, a há três seres que partilham
dessa mesma natureza divina: o Pai, o Filho e o Espírito Santo.
by Gary Fischer "estudosdabiblia.net