Filho da Perdição?!?!
Estes dias estive ouvindo alguns clássicos evangélicos dos anos 80, e
ouvi uma canção que me remeteu a minha infância, mais exatamente por volta dos
meus 8 anos de idade, quando levantei minha mão para Jesus; era um culto
evangelístico, um pregador de fora; não me lembro do conteúdo da mensagem, mas
foi tão impactante que, hoje, me lembro de me sentir tão certo da minha decisão
que talvez hoje nem tenha tanta certeza da minha como naquele dia! Aí me
lembrei da passagem de Apocalipse 2, quando o Senhor fala par a Igreja em Éfeso, sobre voltar ao
primeiro Amor. Nestes trechos, duas expressões, na minha versão Ara (Almeida revista e atualizada): “Lembra
te, pois, donde caíste” e “pratica as primeiras obras”. E principalmente, sobre
a primeira, que gostaria de falar, não sobre mim, mas sobre um personagem que
neste período de Páscoa tem sido muito achincalhado: Judas, o traidor!
Neste mesmo cenário de Flashback,
vamos voltar no momento da eleição dos doze, simmm, lá no comecinho do
ministério de Jesus (Lc. 6:12). O Senhor Jesus esteve por toda a noite em
oração, e pela manhã reuniu seus discípulos (que já eram cerca de 70, depois
que os discípulos de João Batista se juntaram a Jesus), e escolhe os doze. Não
Fo uma escolha aleatória não, aliás, Ele passou toda a noite buscando
orientação do Pai para o fazer bem; nem foi algo baseado em escolher estratégicamente
OS MELHORES, pois ali, em sua maioria eram homens comuns do tipo, alguns até
impopulares como Levi (Mateus), que era cobrador de impostos (publicano).
Existiam até mestres seguidores, porém o faziam em segredo, como o caso de José
de Arimatéia e Nicodemus, por causa do farisaísmo da época. Neste contexto, entre
os seletos apóstolos, está alguém bem peculiar. Filho de Simão Iscariotes (Jo
6.71), Judas tem seu nome derivado da forma grega de Judá {louvor). O
sobrenome Iscariotes, por sua vez, é uma provável corruptela do hebraico Ish
Kerioth, ou "homem de Queriote”, vilarejo de Queriote Hezrom, localizado
ao sul de Hebrom. Judas Iscariotes pode ser o único dos doze apóstolos a
proceder da Judéia, num flagrante contraste com seus condiscípulos, todos
galileus. Isto, por si só, representaria para o apóstolo uma característica
distintiva na comunidade dos doze. Como a maioria de seus concidadãos Judeus,
havia uma expectativa enorme que o Jesus de Nazaré, por seus milagres e
prodígios únicos, fosse o Mashiac prometido nas profecias de
Isaías; quando foi conquistada por Pompeu, as terras dos judeus não se
tornaram, imediatamente, uma unidade administrativa do Império Romano,
guardando uma certa autonomia, ainda que governada por monarcas politicamente
subordinados a Roma, um dos quais foi Herodes, que reinou de 37 a.C. a 4 d.C.
Após a sua morte, a Judeia passou a designar os domínios do etnarca Herodes
Arquelau, que abrangiam a Judeia propriamente dita (a Judá, dos tempos
davídicos), a Samaria e a Idumeia. Com a deposição de Arquelau, tornou-se a
província romana da Judeia, governada por prefeitos (praefectus) nomeados pelo
imperador romano, e vinculada à província da Síria. Diante dessa dominação
Romana,deste cenário seria natural vindo
de uma região como esta um sentimento de nativismo, misturado a esperança messiânica
do Mashiac
, um homem como Judas, da região de Queriote ver na Pessoa de Jesus Cristo um
libertador político, um guerreiro.
Só que não...
Lembram logo no começo das
andanças de Jesus, pela Galiléia, mais exatamente em Nazaré, logo após iniciar
seu ministério, quando na sinagoga Jesus lê um trecho de Isaias 61: de
propósito, ele para no meio do versículo 2 “e
apregoar o ano aceitável do nosso Deus...” e neste momento fecha o livro.
Que Jesus demonstrou com isto? Seu Reino
não tinha conotação política, pois
ele não leu “o dia da vingança do Nosso
Deus”. Após este evento, ele deixa Nazaré, e segue para Cafarnaum (v.31),
realiza sinais e milagres, para só depois então seguir para o mar da Galiléia,
sinais dignos do Mashiac, mas com uma profundidade maior, de cunho espiritual.
Este espírito de mansidão e tranqüilidade diferia da expectativa de Judas, oriundo
de uma região de onde vinham os lendários Macabeus, conhecidos pela revolta que
expulsou os Selêucidas governados por Antíoco Epifânio por volta de 165 AC, e
por ai ficou até 63 AC, quando General Pompeu Domina a Siria e a Judéia. Depois
de várias vezes ver sua aspiração quanto a causa do Messias ser frustrada ele
começa a se afastar e começar a comprir o “protocolo”, provavelmente maquinando
uma maneira de reverter esta condição, já que o Mestre era muito popular, e um
levante popular contra a minoria opressora seria bem vindo. O Messias levado as autoridades, declara a todos a antagonia ao Império Romano, dias após a entrada triunfal em Jerusalém.
Só que não...
O próprio Jesus declara que seu Reino não é terreno, ao ser interrogado por Pilatos (Jo 18:33-38). No momento em que Judas se da conta disto, é tomado por um remorso enorme, e este é o ponto crucial da jornada e ministério de Judas: não suportando ver um inocente morto, mesmo que não correspondesse a sua expectativa de lider, era um peso insuportável. Não digo contudo que não haja culpa na atitude de Judas, ou justifique seus motivos, mas tentando entender e tirar proveito para nossas vidas desta atitude tão desgraçada.
Onde caiu o machado?
Como aconteceu com Eliseu e o homem que usava o machado que caiu no rio, voltemos ao ponto onde perdemos nossa capacidade de ouvir a doce, perfeita e agradável vontade do Nosso Deus. Pois bem, muito nos diz a procedência de Judas, e a influência das ideias do seu local de origem mostram como ele se afastou do propósito para o qual foi comissionado. Aos poucos foi se afastando, até o ponto de ver apenas um homem, um mestre apenas, e não o Filho de Deus. Pedro havia declarado: "Tu és o Cristo, Filho do Deus Vivo! (Mt16:16). Ao passo que Judas diz: "Por ventura sou eu, Rabi (mestre)? Não havia mais nenhuma consideração espiritual por Jesus, ou melhor, nunca houvera,pois nunca estivera no propósito real que era o Reino.
Outra, talvez pela diferença regional e de cultura, Judas era diferente dos demais, principalmente dos mais próximos como Pedro, Tiago e João. Talvez sendo preterido pelo Mestre, que tendo um grupo próximo ao mestre que era inculto, ignorante, diferente dele, lhe desabrochou o ciúme. Bem verdade que Jesus comtemplava isto desde o início, mas Filho da Perdição? Predestinado a Perdição?!?!
Na oração sacerdotal, proferida pelo Senhor Jesus no capítulo 17 do Evangelho de João, encontramos a expressão “filho da perdição” (verso 12). Trata-se de um hebraísmo, um modo de expressão da língua hebraica, encontrado especialmente na Bíblia.
No hebraico, era comum designar os moradores de um local ou de um país como filhos. Exemplos: “filhos de Sião” (Lamentações 4.2) e “filhos de Belém” (Esdras 2.21). O termo era usado também como forma de referir-se aos membros de uma classe de profissionais. Exemplos: “filho de um perfumista” (Neemias 3.8) e “filho dos cantores e dos que adoram o mesmo Deus” (Números 21.29). Também é uma maneira de expor qualidades morais, como nas expressões “filho de Belial” (1Samuel 25.17), “filho da Paz” (Lucas 10.6) e “filho da perdição” (João 17.12), que se enquadra perfeitamente na forma hebraica de falar.
“filho da perdição”
não diz respeito à eleição de uma pessoa à perda da Salvação, pois se
Judas Iscariotes o quisesse, poderia ter escolhido outro caminho. Ele “deu lugar ao Diabo”,
como lemos em João 13.21-30. O versículo 27, especialmente, diz que,
depois de ter recebido o pedaço de pão umedecido no vinagre “entrou nele Satanás”. E mesmo depois disto tudo, ainda poderia ter vindo o arrependimento, mas veio o remorso e a consumição da culpa.
E nós, seguimos Jesus porquê? Temos ascensão social na Igreja? Os negócios na Gospelândia são melhores, aliás, muito lucrativos...
Nos tornamos melhores que Judas? Por acaso vemos possibilidade de crescer materialmente, porque “queremos de volta tudo que tomou o devorador”?!?!
Deus nos oriente neste dia tão especial, e que nossa fé venha estar firmada DE FATO na Rocha que é Cristo, e no seu Reino, em toda sua espiritualidade.
Graça e Paz!!!!
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